Asas da imaginação

Asas da imaginação

Um sabiá laranjeira
Visita sempre meu quintal

Ele tem uma asa quebrada
Que não o deixa voar pelo mundo

Sempre que o vejo pela manhã
Após uma noite de tempestade

Me bate uma alegria indescritível
Como deveriam bater suas asas pelo céu

E ele vai saltitando de lado como malandro
Fugindo de mim com vôos curtos e baixos

Como quem acha que fez o que não deveria
Ou que na surdina furtou algo sorrateiro

Quem sabe um pouco de ração
Que meus cachorrinhos deixaram lá fora

Acredito que pra poder lhe caçar
Ou talvez só para me fazer feliz de vê-lo 

Mas ele não sabe de nada disso
Enquanto escapa da minha vista

Como se eu fosse um predador faminto
E não sou nem Chiquinho e nem Todynho

Que apesar de sempre o assustar
Não conseguem mais nem matar o tempo

Mas para falar desse sabiá laranjeira
Melhor ir direto ao assunto

O fato é que toda vez que o vejo
Amando a vida e dando seus pulos

Me pergunto com alegria e satisfação
Será que ele imagina ou um dia vai saber

Que apesar de seu medo e sua asa quebrada
Todos os dias faz voar alto meu coração?

                            Wilson Borges





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