Queda livre

Queda livre

Nada vicia mais que o sofrimento 
Nada sacia mais do que a tristeza 
Que em momentos de frio ao relento
Não decepcionam e marcam presença 

Nada chega mais sem aviso
Que tristeza e sofrimento
Pode até ser o dia mais lindo
Daqueles com céu azul de brigadeiro

Em um dia de solidão de retaguarda
Você nunca vai saber a diferença 
Entre o calor da cama em uma manhã ensolarada
E do frio do piso do banheiro em que vomita

Depois de algum tempo, em segredo 
Vai desejar mais do que por gosto
Que venha o desconforto, que te sirva absinto
E te machuque de novo

E em tardes fugidias como essa
Em que vivi a vida e não um fado
Vem a vontade de pedir para que algo me impeça 
De admirar a beleza só na queda livre e do estrago


                          Wilson Borges 

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