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Mostrando postagens de setembro, 2024

Onde a vida me levar

Altas horas da madrugada E eu aqui pensando Tenho nas mãos um livro  E um livro me tem nas mãos  Como terminar de ler E colocar na pilha  Dos livros do ano E depois dispensar na estante Para adormecer eternamente? Sei que este livro seguirá comigo  Mas não quero me separar dele Decidi destacar entre aqueles  Que leio todos os anos De forma obrigatória  Para que nunca se encerre Mas ainda assim A leitura dura pouco E o ano dura muito  E agora, José? Me pergunto como Drummond  O tempo se esvai O ano se encerra É vida que segue As incertezas me rondam  Preciso terminar de ler  Mas não quero Preciso deixar acontecer  Acabar com ele E catar a poesia que entorna no chão  De repente Surgem os primeiros raios da manhã  E pronto Mais um livro que se vai Que brilhará no meu céu E ainda vai virar Uma constelação  Não quero mais pensar nisso  Todo livro que amo Seguirá comigo Onde eu estiver  Onde a vida me levar

O fim da poesia

O inverno está acabando E com ele fica pra trás  Todo frio que não fez  Todo brio que não teve A primavera está chegando Com todo calor que não cessou  Com as flores colorindo o céu  Encerrando este amanhecer cinza e frio De sol alaranjado na alvorada poluída Em breve chega o verão  Varão como ele só Incendiando mais que as queimadas da seca E secando as lágrimas dos olhos Quando chegar o outono É só mais um marco Mais um março Um abril que não se abriu Meio maio, meio junho Meio insosso e meio turno O importante é que acaba  Vai o ano, vão os dedos Ficam os anéis para os anais Fica aqui o fim da poesia