queria ser poeta

  Quarentene-se comigo Quarentene-se comigo Vamos viver nossa própria pandemia Morrer de dor e alegria Como se não existissem outros umbigos  Vamos vestir nossas fantasias "Nunca é tarde" é uma criança Essa é nossa esperança Essa é nossa vacina                       Wilson Borges

  Degustar a dor Antigamente eu era alcoólatra E bebia até não dizer chega Hoje sou degustador E só bebo pra fazer o que faço de melhor Degustar a dor             Wilson Borges

  Do primeiro amor Do primeiro amor nunca se esquece A gente guarda no coração Chip, cartão de memória ou disquete E nos sonhos que vem e vão Será que ela faz arminha com a mão? Diz que acabou a mamata? Que o mito do messias é salvação? E que me chamaria de petralha? Ou será que luta pela democracia? Chama o coiso de salafrário? Veste vermelho Lula Livre contra a carestia? E me xingaria de sectário? Às vezes ela gosta de Kpop Não liga de pra onde vai rolar esse barril Pra coxinha e mortadela não dá ibope E assiste Big Brother Brasil Melhor deixar na lembrança Ela que fique na década de noventa Nas brincadeiras de criança Pois o amor sim é uma sentença                       wilson Borges  

Sobre gaiolas e poesias Era um Periquito-australiano Talvez um Caturrita Podia ser um de-colar Ou quem sabe um Jandaia Não que fosse um Verde Só sei que era Esplêndido Com sua postura de Príncipe de Gales Ele tinha um jeito Elegante Vivia fora da gaiola E só me trazia alegria Mas um dia sumiu e calou minha viola E pra ele dedico essa poesia                     Wilson Borges    

 A morte da Joaninha Encontrei uma joaninha morta Será que foi morte morrida? Será que foi morte matada? Como será que chega a hora Da partida de uma vida tão querida E tão pouco azarada?                     Wilson Borges