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Mostrando postagens de abril, 2020

Quarentena IV

Quarentena IV Último dia do mês Depois de trinta domingos Bebendo, sofrendo e sorrindo Começa domingo outra vez Dez e quinze da noite Que poderia ser meio dia Cronos que devora com ira Tempo que corta como foice                         Wilson Borges

Acerto de contas

Acerto de contas Gosto da tua boca Quando cala Porque beija Gosto do teu corpo Quando pesa Porque cola Gosto da tua roupa imaginária Quando tira Pra que eu veja Gosto do teu cabelo solto Quando bagunça Porque mexo Gosto da nossa história Quando o tempo acerta Os ponteiros                Wilson Borges

Amor no supermercado

Amor no supermercado O amor não está à venda Não se compra no atacado Não está na prateleira Nem tem o preço dobrado O amor também não está no varejo Por mais que seja um tipo de artesanato Podemos encontra-lo no estacionamento De um grande supermercado O amor está nas entrelinhas Nas vagas de um pátio descoberto Alimentado com muitas carícias Corações juntos que batem de perto O amor não tem hora ou lugar Nem precisa de privacidade Banco de carro pode virar lar Pra alguns minutos de eternidade                         Wilson Borges

Quarentena III

Quarentena III O que me assusta pra valer É ver um papel em branco Preciso desesperadamente escrever Nem que seja aos trancos e barrancos Um papel em branco representa As angústias e o vazio que nos preenchem E com o avançar dessa quarentena A poesia é a que mais sente                         Wilson Borges

Brincar de realidade

Brincar de realidade Vamos brincar de realidade A fantasia está enfadada A loucura será nosso estandarte E os sóbrios pedirão piedade Vamos sofrer de forma lúdica Nem que seja pra beijar parede Na sala de estar dessa gente pudica E morrer afogado matando a sede                             Wilson Borges

Cores do meu Brasil

Cores do meu Brasil Amarelo manga Gado de corte que sangra E se desfaz Verde oliva Sofrimento do excluído que grita Sem paz Azul banana Golpe do caranguejo que anda Pra trás Vermelho vivo Revolução que só espera um gatilho A mais                     Wilson Hilário Borges Filho 

Quarentena II

Quarentena II Antes da pandemia A gente se via direto Mas por medo e por agonia Evitamos um papo mais reto E agora que estamos distantes Queremos estar mais perto Vivendo de longe um romance Tendo no céu estrelado o nosso teto A quarentena nos traz muito medo Mas também nos traz a certeza De poder falar do desejo E dos corações que a distancia incendeia                       Wilson Borges

Haicai XXXIV, XXXV e XXXVI

Haicai XXXIV Pandemia e Bolsonaro Bilhões para banqueiros Fome ao proletário Haicai XXXV Haicai sem regras Dezessete sílabas É chato demais Haicai XXXVI Pós-moderno Acordar de madrugada Apenas para tomar Remédio para dormir

Haicai XXXI, XXXII e XXXIII

Haicai XXXI Brasil na pandemia Burguesia que exala Psicopatia Haicai XXXII Pandemia e luta de classes Salvar a economia O povo que se lasque Haicai XXXIII Bolsonaro na pandemia O pobre que morra E viva a economia