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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Velhice juventude

Velhice juventude De vez em quando Me pego pensando Que pagaria em ouro Para ter dezessete anos novamente Mas de repente Me lembro Quanto eu era velho e chato E deixo isso de lado Pra viver minha velhice Que ainda é juventude Prefiro aproveitar Que minhas rugas Ainda são jovens Que a queda do cabelo Ainda é criança Que minhas marcas de expressão Me fazem lembrar Que ainda tenho muito pra aprender                           Wilson Borges

Haicai XXII, XXIII e XXIV

Haicai XXII Pássaro na gaiola Sem bater as asas É um canto que chora Haicai XXIII Carnaval com doses de Corote Até quarta feira de cinzas Vivo um filme do Mazzaropi Haicai XXIV Paulo Leminski Poesias com cheiro De Whisky

A poesia é do mundo

A poesia é do mundo O bom poeta Nunca lembra de seus versos Escreve como quem vomita E esquece o que escreveu Como se escrever fosse uma bebedeira Que deixa uma tremenda Ressaca O bom poeta Nunca lembra de seus versos Porque depois de escritos Não possuem mais donos ou autores Passam a ser de todos os seus leitores Porque acima de tudo a poesia é Do mundo

O mundo tá chato

O mundo tá chato O mundo tá chato Como bicicleta ergométrica Em que você pedala e pedala Mas não sai do lugar O mundo tá chato Como sexo virtual Em que você fala e fala Mas não toca na pessoa O mundo tá chato Como cerveja sem álcool Que você bebe e bebe Mas não se esquece de nada O mundo tá chato Como café sem cafeína Que você ingere e ingere Mas não consegue espantar o sono O mundo tá chato Não é como a gente gostaria Já que ainda temos que lutar e lutar Contra o racismo, machismo e homofobia                                     Wilson Borges

Máscaras de carnaval

Máscaras de carnaval Pelas ruas de SP Me aconteceu uma novidade Perdi a certeira e o RG E não tenho mais identidade Tenho agora mais de cem nomes E vou usar um para cada dia Já que janeiro é um mês que corre E o carnaval logo estará na avenida                       Wilson Borges

Poesia de celular

Poesia de celular Escrevi no pedaço de papel Uma poesia de celular E este segredo de quartel Ninguém pode hackear Escrita à moda antiga Essa poesia é hi-tech Com garranchos como criptografia É assim que ela me serve                     Wilson Borges