queria ser poeta

Família ou Síndrome do intestino irritável Hoje eu quero terminar de escrever Versos rasgados Perdidos Incompletos Derramados Hoje eu só quero comer Carne crua Pedaços de gente Dentes quebrados No meio da rua Hoje eu só quero beber Sangue quente Suor doce Esperma salgado Lágrimas frias Espera Espera São só delírios De poeta De choro contido E dramas esparramados             Wilson Borges

Família ou Síndrome do intestino irritável A família é um tumor imaginário Que se aloja no intestino Destrói a flora Provoca disenteria Prisão de ventre e desatino Não é flor que se cheire Nem almoço de domingo Não é noite de Natal E nem coisa do destino A família que conheço É como um punhado de cacos de vidro Corta as mãos e fere o pulso É como um impulso no abismo Como nas tripas de Bertoleza O valor da família está nas vísceras Expostas por uma faca Na dignidade sangrenta de um suicídio                     Wilson Borges

Rimas, mimos e socos Gosto de rimas bobas E de chinelo com meia e moletom Coisas da geração arroba E hashtag ponto com Poesia de louco, com mimos e socos Três tapinhas e finalização Gosto de água de côco De cantar em baixo e subir o tom                         Wilson Borges

Os meios e os fins Parecia ser inteiro Não era nem metade Parecia estar dentro Mas nunca fez parte Coração é só anseio Não precisa de estopim Não necessita de começo ou meio Pra chegar a ter um fim                   Wilson Borges